domingo, 27 de setembro de 2009

Poema em "V"

Verborragia

Vocês vão viajar.
Valério, voe veloz.
Vanusa, veleje.
Vitor, volte, vagabundo!

Vamos vender verdura,
veneno,
variar vegetal,
verificar validade.

Vocês vêem verde vasto vale,
voltas volteando, voltando,
verte vômito.

Veja vulcão verdadeiramente vistoso,
verruga vermelha voluptuosa.
Vento vaga velozmente,
volta vazio.

Viúva valente, vontade veemente,
vulva vermelha, vivendo Viagra.
Virtude violada.
Viva!

Você, vil vagabundo,
volta varrendo verdades vulgares,
valores, vinganças...

Vamos variar.
Vá vício! Vá vadio!
Volte, vida verdadeira!
Veja: VITÓRIA!


Marta, Nélio e Raquel
12/09/2009

Texto narrativo a partir do poema "A PESCA" de Affonso Romano de Sant'Anna

A PESCA

Ao amanhecer, o céu anil predizia um bom dia. Animado, o pescador tomou o anzol e lançou-o. No azul intenso do mar, abriram-se suaves anéis ondulantes. Um leve silêncio e as ondas embalavam o pescador. O tempo parecia ter parado. Não havia sinal de peixe.
Pacientemente o pescador recolhe o anzol, não havia mais isca. Prepara-o de novo e, desta vez, mergulha a agulha verticalmente, suave, como se pedisse passagem.
Desta vez não precisou aguardar muito, logo observou um movimento familiar na água. Em seguida, sentiu a linha ser puxada com força. O peixe se debatia fazendo espuma na superfície. O pescador deu corda, esperou algum tempo para o peixe se cansar. O silêncio era agradável, sabia que o peixe estava lá, nadando de um lado para o outro.
O peixe estava agoniado, sentia na garganta a âncora que o prendia. Estava cansado e desesperado por tirar da boca aquele metal.
De repente o arranco. O pescador rapidamente começa a girar a carretilha e puxar o peixe, que sentia em sua boca um rasgão.
Era finita, não tinha mais como resistir... Abnegado o peixe se entrega. Eufórico o pescador vibra. Havia conquistado finalmente um troféu.
Que troféu?

Texto jornalístico

CASA DE MILIONÁRIO É ASSALTADA EM BRUSQUE
EM PLENA LUZ DO DIA


Na tarde de ontem, enquanto o filho mais novo brincava com um colega da escola em uma van vermelha que portava jogos eletrônicos e que os havia abordado, uma Kombi branca estacionou ao lado da casa e, acredita-se, uma equipe fez a limpa no local.
Os meninos relataram à polícia que a van era dirigida por uma elegante senhora de cabelos curtos e de óculos que os tratou muito bem e disse chamar-se Terezinha. Os meninos, segundo a polícia, acreditam que a tal senhora não tem nada a ver com o assalto, pois “parecia até uma professora”, afirmam. A polícia, no entanto, tem dúvidas e investiga a possibilidade do envolvimento. Para a polícia, os marginais podem ter usado a van para distrair os meninos.
Da casa foram levadas três bicicletas importadas com marcha; toda a prataria, os cristais e as porcelanas; uma coleção de selos e moedas antigas avaliada em meio milhão de dólares, além das jóias que estavam no cofre e alguns vestidos e sapatos de costureiros conhecidos. Acredita-se que o trabalho tenha sido feito por profissionais do sexo feminino, por haver pegadas de salto alto no piso e nos tapetes e longos fios de cabelos encontrados próximo ao cofre.
A polícia investiga a possibilidade de envolvimento de ex-empregados, pois a quadrilha parecia conhecer bem as repartições da casa e os horários da família.
O pai, o milionário Antony Wilson, que nunca havia se preocupado com questões de segurança, a partir desse episódio relatou que já contratou uma empresa de segurança. “A cidade sempre foi tranqüila, nunca imaginei que poderia acontecer algo assim. Mas o importante é que as crianças nada sofreram”, declarou o milionário.




Raquel, Elizete, Terezinha e Bruna
16/05/2009.

TEXTO POÉTICO – em conjunto

Palavras-chaves: verdade, solidão, pensamento, beijo.


Só a verdade

A verdade sempre aparece
É una
Até que se prove o contrário

A solidão
É a arte de estar só
Só para pensar, para refletir

Existem coisas na vida
Que guardamos no pensamento
Um filho, um grande amor
Uma saudade, um beijo roubado...

O beijo é uma expressão carinhosa
Se pela manhã um ganhar
O dia todo saciado vai ficar

A verdade é que a solidão
Às vezes dói no pensamento
Mas com um só beijo
Pode ser curado num momento


Raquel, Elizete, Terezinha e Bruna
16/05/2009.

TEXTO POÉTICO

Palavra-chave: Solidão

Só na multidão
Solidão
Sólido Adão
Sozinho... em vão.

Solidão

Conhecer a solidão é uma arte
Não é ruim, nem bom
É só solidão.

É a arte de estar só
Só em seu universo particular
Só para pensar, refletir

Quem precisa de companhia?
Eu não.
A mim me basta a solidão.


Raquel M. C. Pedroso
16/05/2009.

Currículo Gestar II – LP

A – Objetivo Geral: Possibilitar o desenvolvimento das habilidades de compreensão, interpretação e produção de textos variados nos alunos e valorizar o trabalho do professor.

B – Especificidade: Inovação – busca valorizar a linguagem como fenômeno cultural, traça “um caminho de mão dupla entre teoria e prática” e estabelece um diálogo entre as várias linguagens.

C – Competências: O professor deve ser competente no uso da língua; atuar de forma consciente, produtiva e adequada através do desenvolvimento de projetos; orientar, observar, registrar, organizar e sistematizar os fatos das gramáticas interna, descritiva e normativa.

D – Organização do Currículo: Em forma de espiral, em torno de questões com função irradiadora.

E – Organização da Proposta Pedagógica do Gestar II: O ponto central é a significação, as relações intertextuais e a mescla de textos clássicos e regionais. A linha dorsal do programa é construída a partir dos temas transversais propostos no PCN.

Raquel M. C. Pedroso
14/05/2009.

MEMORIAL

Nasci em Aratingaúba, distrito de Imaruí, aqui mesmo, em Santa Catarina. Aratingaúba é área rural e está localizada na Serra do Tabuleiro. Hoje ainda, há muitos primos que lá residem e trabalham.
Havia apenas uma escolinha em Aratingaúba. Era uma Escola Reunida, na qual uma professora lecionava para uma turma mista de 1ª a 4ª série do ensino primário, hoje, primeiro segmento do ensino fundamental.
Quando saímos de Aratingaúba, eu contava com apenas 5 anos, mesmo assim eu já freqüentava a escola, e o fazia desde os quatro. Estranho? Calma, eu explico. Não se trata de prodigidade. O fato é que eu sou a caçula de dez filhos. Em minha casa, sempre havia alguém com quem brincar, ou brigar. Eu nunca estava sozinha. Quando minha irmã, a nona, estava na idade de ir para escola, eu estava com três anos apenas. Não podia ficar só, chorava durante toda a manhã. Então, minha mãe conversou com a professora e no ano seguinte eu entrei na escola – dizia-se que encostada – sem registro, sem obrigações. Lembro-me que tinha um caderninho onde a professora fazia traços e bolinhas que eu contornava e depois preenchia a folha com eles.
Ao final do ano, foi um fotógrafo tirar foto de todos os alunos, nesse dia eu havia faltado, mas a professora pediu para que um de meus irmãos (não lembro qual) fosse em casa me buscar. Por isso tenho uma foto com quatro anos de idade e chapeuzinho onde lê-se “1º ano”. Mesmo sem ter sido cobrado de mim, ao final do ano, com quatro anos eu já sabia ler algumas palavras.
No ano que eu completaria cinco, mudamo-nos para Brusque. Aqui a história foi diferente: a casa era alugada, não havia espaço, não havia vaca, galinha, porcos, horta... nossa família passou por sérias privações. Minha mãe não reclamava, tinha sido por força dela que havíamos nos mudado. Meu pai, que já trabalhava na CIDASC, havia recebido uma proposta de mudança. Ele era auxiliar de veterinário e o veterinário, chefe dele, que veio transferido para Brusque, chamou-o. Minha mãe insistiu para que nos mudássemos. A preocupação dela era principalmente com os estudos. Pois para que fossem continuados, teríamos de sair daquele lugar. Lá só se estudava até a quarta série.
Minha mãe já havia conseguido que a mais velha, Armi, fosse morar com uma tia em Biguaçu para continuar estudando; o segundo mais velho, Luiz Gonzaga, ela conseguiu que entrasse para o seminário e a terceira, Zenita, fosse ajudar as freira do colégio interno de Angelina em troca dos estudos. Estava chegando a vez das trigêmeas. Para elas seria difícil conseguir um lugar, afinal eram três. Por isso a mudança, naquele momento, veio a calhar. Apesar de todo sofrimento que isso, com certeza, tenha causado a minha mãe.
Aqui em Brusque, entrei na escola com apenas seis anos. No "Araújo Brusque". Fui aceita com seis anos porque já sabia ler, tinha a fama de inteligente, mas logo essa farsa foi revelada.
Em Brusque conheci a luz elétrica e a televisão. Ah, e o banho de chuveiro também... Nossa, que delícia! Na televisão, na TUPI, estava passando a novela “MULHERES DE AREIA” com Eva Wilma. Nessa novela havia duas personagens antagônicas, Rute e Raquel, feitas pela mesma atriz, que na época era loira. Foi tranqüilo, para mim, fazer uma dedução. Primeiro fiquei espantada ao conhecer outra Raquel, depois percebi que como eu, ela também era loira e tinha os cabelos longos. Daí a dedução: se eu sou loira e ela também, então todas as Raquéis são loiras. No ano seguinte, tive minha primeira decepção: conheci uma Raquel que não era loira. Olhava para ela intrigada e pensava: “Ela não parece uma Raquel. Na certa o nome está errado.”
A casa, onde morávamos na rua São Pedro, era alugada. Logo que meu pai conseguiu vender a casa de Aratingaúba, comprou outra na rua Gustavo Kohler. Meu endereço praticamente atravessou a cidade, fui de um lado para o outro. No “Araújo Brusque”, eu estava freqüentando a terceira série. Minha mãe não conseguiu a transferência para o “Dom João Becker” e eu precisei terminar as aulas no Araújo.
À época, eu estudava de manhã, por isso eu saia com meu irmão, Ildefonso, de casa antes das 6h da manhã e íamos caminhando até a escola. Fazíamos uma caminhada de mais de uma hora. Isso aconteceu até o final do ano. Lembro-me apenas de que era muito cansativo. Eu pedia várias vezes a meu irmão para pararmos um pouco, mas ele nunca concordava.
No ano seguinte, fiz a quarta série na Escola Básica Dom João Becker, com a professora dona Iriã. Dela, eu só me lembro das pulseiras. Dona Iriã usava um número muito grande de pulseiras e cada vez que apagava o quadro as pulseiras dançavam e tilintavam em seu braço. Eu ficava encantada.
Sempre fui muito distraída e, suspeito hoje, que tinha déficit de atenção. Passei para quinta série, não sei por quê. Durante a quinta serie, em maio, senti o golpe de perder minha mãe. Acredito que esse fato ajudou na minha aprovação para a série seguinte.
Da sexta série, não me lembro de nada em especial.
Nunca fui uma boa aluna. Sempre estudei na turma “C”, na época classificada como a turma dos “burros”. Em meu boletim, havia muitos “NA”, conceito em vermelho que significava “necessita de atenção”.
Na sétima série precisei mudar-me para Florianópolis na metade do ano. Quando cheguei lá na Escola Básica Hilda Teodoro Vieira, o conteúdo estudado lá eu já havia visto em Brusque. Como eu já sabia, passei a ter a fama de “inteligente”. Foi aí que eu descobri que eu aprendia a matéria depois de fazer as provas... mas a nota refletia o que eu ainda não tinha aprendido, depois de aprender não tinha chance de mostrar.
Na oitava série, lá em Florianópolis, eu fui atropelada. Fiquei uma semana na UTI e os médicos não davam muitas esperanças para minha recuperação. A batida atingiu a cabeça, tive dilatação cerebral e só quebrei alguns dentes. Para surpresa de todos, sobrevivi.
Esse episódio mudou a forma de eu ver a vida, passei a acreditar (depois que soube da gravidade de meu acidente) que havia sobrevivido porque tinha uma missão especial. Acho que ainda acredito nisso.
O ensino médio, fiz em Brusque, no Colégio São Luiz à noite. Não queria mais ficar em Florianópolis, não me dava bem com o vento constante. Apesar disso fui obrigada por minhas irmãs a fazer o teste de seleção de muitos colégios: Instituto Estadual de Educação, Escola Politécnica e outras duas escolas estaduais que não recordo o nome. De qualquer modo, não passei em nenhum, pois as respostas que eu sabia (eram poucas) eu assinalava a alternativa errada e as que eu não sabia, assinalava a pior das hipóteses... queria ter certeza de que não passaria. Assim o único remédio seria vir para Brusque.
Do primeiro ano do Ensino Médio, não me lembro de muita coisa, apenas da novidade de estudar à noite e ter dois recreios. A aula começava às 18h15, tinha um intervalo de dez minutos depois da primeira aula e outro de quinze depois da terceira. Até nesse momento, não gostava da disciplina Português. O professor era muito exigente e seco, as redações que eu fazia, por mais que me esforçava sempre recebia apenas 4,0. Era horrível. Inglês também não era diferente. O grupo já tinha uma base muito boa de inglês, eu não. Consequentemente, fui reprovada nessa disciplina.
Na segunda série tinha trabalho dobrado, freqüentava as aulas à noite e vinha de manhã fazer a disciplina de Inglês. Era a tal da “dependência”. Na metade do ano, comecei a trabalhar. Então não pude continuar a disciplina. Quanto às aulas de Português, tive uma boa surpresa (pelo menos para mim): o professor teve uma úlcera e precisou ser substituído. Conheci então a professora Sueli Pantaleão. Ela me ensinou a gostar de português. Falava com tanta paixão da língua e dos livros que eu, que até então só lia “Estefania” (uns livrinhos de bang-bang), corria para a biblioteca para pegar os livros citados. Li muito nessa época e me apaixonei por Érico Verríssimo.
Na terceira série, o professor continuou em tratamento, e a professora continuou na nossa turma. Minhas produções de texto melhoraram muito. Lembro que a professora nunca colocava uma nota, ela escrevia um comentário sobre o texto e sempre tinha um incentivo. Era ótimo. Outra disciplina que me descobri foi Química. Adorava as aulas de laboratório. No Inglês, continuava sofrendo, mas conseguia sempre a nota mínima para passar.
O Pe. Orlando, diretor do colégio e professor de OSPB (Organização Social e Política do Brasil), foi também especial. As aulas dele eram terríveis. Todos tremiam. Ele falava, falava e ninguém prestava atenção no que ele dizia. Chegava a contar a mesma piada duas vezes, ninguém sequer comentava. Tinham medo. E eu também. Um dia ele estava falando das mudanças provocadas pelo Getúlio Vargas e disse: “A pior ciosa que Getúlio fez, foi aprovar o direito do voto feminino, porque a mulher não sabe votar.” Nesse dia eu abri a boca. Fiquei pasma com o que tinha ouvido.  O professor percebeu e perguntou se eu não concordava. Tomei coragem e disse que não. Senti que todos me olharam. O professor pediu para que eu explicasse o meu ponto de vista, então eu falei em defesa da mulher. A partir desse dia, Pe. Orlando passou a dar aula só para mim. Ele olhava o tempo todo para mim e sempre questionava: “Não é mesmo, Cardoso?” Quando eu o encontrava fora da sala, sempre vinha conversar comigo. Eu ficava dividida. Em parte gostava, em parte não porque meus amigos saiam de fininho e eu acabava sozinha conversando com ele. Ele sempre queria que eu falasse, discutisse, colocasse o meu ponto de vista. Muitas vezes ele desmontava meus argumentos e sempre me questionava. Hoje sei que ele me ensinou a ser crítica.
No final do ano, a turma ia se formar, eu não, pois estava devendo Inglês na primeira série. Então, tomei coragem e fui conversar com o Pe. Orlando, diretor. Mostrei para ele que no segundo e no terceiro ano eu havia conseguido recuperar o Inglês e que não via necessidade de refazer a disciplina na primeira. Argumentei que em outras escolas, o Inglês entrava no currículo somente a partir da segunda série. No final da conversa, ele olhou para mim e disse: “Vou pensar nos argumentos apresentados e depois dou uma resposta. Está bem assim, Cardoso?” Claro que sim, ele era o diretor, não é?
Cada vez que o encontrava, ele dizia que estava refletindo. Na última semana de aula, eu o questionei mais uma vez e ele me disse que ainda não tinha decidido, mas que eu deveria vir conferir a lista de aprovados para a formatura, se meu nome estivesse lá, teria sido favorável, caso contrário...
Fui com o coração na mão conferir a lista. Ao ver meu nome, saí de lá gritando e correndo feito doida. Ainda bem que a Avenida das Comunidades, na época, era quase abandonada. Na formatura, ele fez questão de me entregar o certificado com um aperto de mão, um sorriso e uma piscadela de olho. Foi a última vez que o vi.
No ano seguinte, fiquei só trabalhando e ouvindo minhas irmãs reclamarem que eu devia ter continuado, que eu precisava fazer o vestibular, fazer faculdade e isso e aquilo. E eu sem saber o que queria da vida. Participava de grupo de jovens, freqüentava a igreja, as “Êuricas” e trabalhava. 
Quando uma de minhas irmãs (não lembro qual) teve uma conversa comigo sobre o que eu gostava de fazer, foi que eu percebi que o meu caminho era fazer o Curso de Letras. Queria ser escritora, acabei professora. Mas adoro o que faço... e continuo querendo ser escritora. Quem sabe um dia...